CERN@ESAM
O grupo de recrutamento
disciplinar de Física e Química desenvolve de 23
a 30 de Novembro, uma iniciativa que visa assinalar o Dia
Nacional da Cultura Científica, instituído em 1997 para comemorar o nascimento de Rómulo de Carvalho, a 24 de Novembro,
Durante esta semana estará patente na BECREAP uma exposição sobre
o CERN – Organização Europeia para a
Pesquisa Nuclear. A exposição resulta da participação de uma professora do
grupo de Física e Química da nossa escola na Escola de Verão no CERN, organizada pelo LIP (Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas), e pelo CERN.
A ESAM não poderia deixar passar em
branco um dia tão significativo como aquele em que se comemora a Cultura Científica Nacional,
celebrando, de uma forma especial, o papel fundamental da Ciência na Sociedade.
Sobre o CERN…
A investigação no CERN está, sobretudo, direcionada para o
estudo das partículas e é um admirável exemplo de parceria internacional, que
conjuga os esforços de engenheiros,
físicos, informáticos, técnicos de várias áreas, artesãos, administradores,
operários, entre tantos outros, oriundos de vinte países. Conforme se pode ver
na exposição, os laboratórios são verdadeiras obras-primas da ciência,
absolutamente geniais! O, porventura, mais mediático é composto por um enorme
acelerador de partículas, em que pequeníssimas partículas são aceleradas até
uma velocidade próxima da da luz e se tornam “visíveis” por colisão com
detetores.
E tanto fica por
dizer… Uma exposição a não perder!
Sobre Rómulo de Carvalho…
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho
foi um ilustre professor de Física e de Química e,
simultaneamente, um poeta que nunca mais será esquecido, conhecido pelo seu
pseudónimo António Gedeão. É considerado por muitos o maior divulgador da ciência em Portugal.
Nasceu em
Lisboa, a 24 de novembro de 1906, e faleceu a 19 de fevereiro de 1997. Fez a
instrução primária em Lisboa e estudou no liceu Gil Vicente. Em 1925
matriculou-se no Curso Preparatório de Engenharia
Militar da Faculdade de Ciências e, em 1928, na Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto, no curso de Ciências
Físico-Químicas. Em 1934 iniciou a atividade docente no Liceu Camões, em
Lisboa, continuando mais tarde a lecionar em Coimbra, no Liceu D. João III, e,
a partir de 1958, de novo em Lisboa, agora no Liceu Pedro Nunes.
Apesar da
sua intensa atividade científica nunca esqueceu a arte das palavras. A paixão
pela literatura foi herdada de sua mãe e aguçada pelo contacto com poetas como Eça
de Queirós, Camilo Castelo Branco e Cesário Verde, entre outros. Começou cedo a
escrever poesia, mas só em 1956,
quando tinha 50 anos, publicou o seu 1º livro de poemas: “Movimento Perpétuo”, assinando António Gedeão. Nos seus poemas encontra-se
a simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a
simplicidade das palavras e a ciência das coisas simples…
Foi
professor, pedagogo, autor de manuais escolares, historiador da ciência e da
educação, divulgador científico.
POEMA DO ETERNO RETORNO
Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada) senão átomos,
se a mesma causa desse sempre o mesmo efeito
se a mesma causa desse sempre o mesmo efeito
e para cada efeito houvesse sempre a
mesma causa
então o meu salgueiro havia um dia de ressuscitar.
Se não houvesse mais nada
então o meu salgueiro havia um dia de ressuscitar.
Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada) senão átomos,
e eu próprio,
na efeméride eternamente repetida deste momento de agora,
tornaria a rever o meu salgueiro.
Se não houvesse mais nada
e eu próprio,
na efeméride eternamente repetida deste momento de agora,
tornaria a rever o meu salgueiro.
Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada) senão átomos,
os milhões de milhões de milhões de átomos
que compõem os milhões de milhões de milhões de galáxias
dispostos de milhões de milhões de milhões de maneiras diferentes,
teriam forçosamente de repetir,
daqui a milhões de milhões de milhões de séculos,
exactíssimamente a mesma disposição que agora têm
E então,
nesse dia infinitamente longínquo mas infinitamente próximo,
eu, fulano de tal, filho legítimo de Fulano de tal e de Dona Fulana de Tal,
nascido e baptizado na freguesia de Tal, a tantos de Tal,
neto paterno de Fulanos de Tal, e materno de Tal e Tal,
etc. e tal,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
encontrar-me-ia no mesmo ponto do mesmo Universo
a olhar parvamente para o meu salgueiro.
Isto, é claro,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
Senão átomos.
António Gedeão
os milhões de milhões de milhões de átomos
que compõem os milhões de milhões de milhões de galáxias
dispostos de milhões de milhões de milhões de maneiras diferentes,
teriam forçosamente de repetir,
daqui a milhões de milhões de milhões de séculos,
exactíssimamente a mesma disposição que agora têm
E então,
nesse dia infinitamente longínquo mas infinitamente próximo,
eu, fulano de tal, filho legítimo de Fulano de tal e de Dona Fulana de Tal,
nascido e baptizado na freguesia de Tal, a tantos de Tal,
neto paterno de Fulanos de Tal, e materno de Tal e Tal,
etc. e tal,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
encontrar-me-ia no mesmo ponto do mesmo Universo
a olhar parvamente para o meu salgueiro.
Isto, é claro,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
Senão átomos.
António Gedeão
A professora bibliotecária: Carla Vanessa Proença Sequeira
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