Tinha um amigo na pré-primaria que me fazia rir. Era o único, a sério! Desde pequena que me dizem “Inês, ri-te só mais um bocadinho!”, não era porque não gostasse de rir, porque eu gosto, mas porque não sentia necessidade de sorrir a toda a hora! Ria-me nos momentos certos e isso bastava-me. Odiava tirar fotografias e acho que ainda odeio… Bem, não em todas, só naqueles que são tiradas para mostrar aos outros uma felicidade que magoa as bochechas de tão (ir)realistas.
A fugir à regra existia ele, de cabelo e olhos escuros e de cujo nome não me recordo, que me fazia rir a toda a hora com pequenas história que, de tão alegres, confusas e cómicas, despoletavam em mim um sorriso de puro prazer. Lembrei-me dele ao vê-lo numa fotografia antiga onde se podiam vislumbrar dois sorrisos cristalinos e puros. Automaticamente, recuei para uma pequena sala com mesas redondas, de paredes acolhedoras, cobertas de pinturas, com uma janela que despertou em mim uma grande nostalgia. Era a nossa janela, o nosso lugar: de lá, víamos um enorme penhasco que ambos gostaríamos de visitar. Alias, uma vez perguntaram-lhe o que desejaria ter no futuro e ele respondeu: «Uma mochila e uma amiga que queira subir comigo até ali (apontando em direcção à janela).» Lembro-me de sorri, naquele momento, sabendo que ele se referia a mim.
Mas, agora, somos crescidos e como crescidos só queremos ser pequenos e, por isso, para realizar um sonho de meninice procurei-o, mas não o encontrei. Contudo, fui lá sozinha, mas visualizar uma paisagem tão bela sozinha é desgostoso, portanto nunca mais voltei àquele penhasco. No entanto, espero regressar um dia, mas com alguém.
Vitória Proença Cabral, 10ºB
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