Conto Árabe
Há muito, muito tempo, havia um príncipe árabe que era conhecido pela sua astúcia e desafiadora inteligência. Tinha cerca de trinta anos mas, apesar da abundância de tentações, usava apenas esta capacidade para servir Alá, o seu Deus, e nunca para actos indignos. Era também famoso devido a um rumor que vagueava entre a população. Segundo uma antiga lenda ele era senhor de um extraordinário tesouro escondido no deserto e só ele era possuidor do mapa que o localizava. Contava-se que, entre a infinita areia, a mais grandiosa riqueza esperava pelo homem que a encontrasse.
Um dia o príncipe, que sempre havia sido dotado de boa saúde, adoeceu gravemente, ficando mesmo às portas da morte. Ao perceberem a gravidade da situação, muitos dos seus adversários se dirigiram ao seu reino, com os lábios inundados de falsos arrependimentos e palavras piedosas mas despidas de intenção. O seu objectivo era um só: descobrir a localização do tesouro. Mas, apesar de moribundo, o príncipe mantinha toda a sua astúcia, conseguindo adivinhar as suas intenções. Sabendo que estava prestes a partir e consciente de que, com a presença de seus inimigos, a causa da sua morte não seria a doença, engendrou um plano.
Numa noite muito escura, os soberanos hospedados no castelo deslocavam-se até aos seus aposentos e acordaram-no:
- Onde está o mapa? – perguntaram ameaçadores.
O rei indicou-lhes uma gaveta perto da sua cama, de onde eles retiraram uma folha dobrada. Precipitaram-se sobre o príncipe, pegaram violentamente nele e arrastaram-no até à saída dos seus aposentos.
- O meu chá! – implorou ele. – Por favor deixem-me levar o meu chá!
Os seus inimigos foram condescendentes e aceitaram o último pedido do doente, entregando-lhe uma garrafa de chá que ele indicava com ansiedade. De seguida retomaram a fuga e abandonaram-no, a morrer, quando alcançaram o deserto, iniciando a busca do tesouro.
Vaguearam pela imensidão da areia durante toda a noite. Quando a madrugada se espreguiçou no horizonte pararam, exaustos. Só então repararam numa nota na parte de trás do mapa: «pobre é aquele que é rico em ganância».
Foi então que perceberam que tudo tinha sido uma cilada. O deserto era imenso e eles, completamente perdidos acabaram por morrer de fome e sede.
O príncipe teve uma morte tranquila, graças à garrafa de chá que ele previamente envenenara.
O paradeiro do tesouro permanece por desvendar.
Margarida Tomé, 10º G
0 comentários:
Enviar um comentário