Acho-Vil, 13 de Julho de 1940
Caro Martin,
Como é que estás? O que é que andas a fazer? Estou cheio de saudades.
Com esta carta quero recordar os bons velhos tempos que estivemos em conjunto com o Karl e o Daniel e quero explicar-te como é a minha vida aqui.
Sinto-me muito sozinho e preciso da tua companhia e da dos outros. Aqui não se faz nada! A coisa mais emocionante que fiz, foi construir um baloiço, mas quando me estava a baloiçar pela terceira vez, caí e magoei o joelho. Mas não te preocupes, o Pavel ajudou-me logo. Caso não saibas quem é o Pavel, é o novo criado que vem cá a casa cortar os legumes e usa um estranho “pijama às riscas”.
Já agora que estou a falar em “pijamas às riscas”, ele não é o único a usá-los. Há também crianças que os têm vestido. Mas os meus pais não me deixam brincar com elas. Dizem que não são pessoas.
Digo-te e repito, tenho muitas, mas mesmo muitas saudades das nossas brincadeiras. Fingirmos que éramos pilotos de aviões, no caminho entre a escola e as nossas casas. Brincarmos às pistolas na minha casa antiga.
Ah! A minha antiga casa, era muito, mas muito melhor que esta. E o meu corrimão. Ah! Esta nem se quer tem um.
Além disso, desde que cá chegámos a minha irmã anda um pouco estranha. Ela continua insuportável, mas desde que começámos a ter aulas particulares ela deixou as suas bonecas assustadoras e trocou-as por posters de soldados do meu pai e quintas como a que vejo da minha janela.
Espero que consigas imaginar como são as coisas por aqui com esta longa descrição.
É com um grande abraço que me despeço e espero que me respondas o mais brevemente para saber como andas.
Um abraço,
Bruno
PS.1: Uma manhã o meu pai teve uma reunião, no seu escritório, com alguns soldados, que mostrava um filme com a vida na quinta onde vivem as pessoas com os “pijamas às riscas”. Como gostei, parto agora para lá para uma nova aventura.
PS.2: Manda comprimentos aos outros.
Diogo Mendonça nº10 8ºA Maria Amado nº20 8ºA
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